Manifestantes invadiram Câmara dos Deputados |
Desde criança acompanhei telejornais. Ouvia as
notícias da minha cidade, do país e do mundo. Os jornais impressos folheava à
procura do caderno de Esportes. Mas nunca deixei de ler os demais conteúdos.
Porém, mesmo para uma criança de oito, nove anos, a repulsa pela editoria de
Política sempre foi grande. Até o caderno de Economia, com os jargões
utilizados pelos jornalistas e economistas para explicar a alta do dólar, a
inflação, a influência da reeleição do presidente Bill Clinton nos Estados
Unidos.
Para uma criança, que ainda nem imaginava entrar no
fantástico círculo do Jornalismo, queria entender o que era Política, quais eram
os cargos que os candidatos disputavam quando apareciam na propaganda eleitoral
gratuita e que faziam de verdade. Talvez a repulsa em ler tais notícias nada
tinha a ver com quem escrevia, mas sobre quem era escrito.
Uma definição para Política é “pertencente aos
cidadãos”. E pertence mesmo aos cidadãos? Não responderei, sim e não são duas
respostas que não cabem a essa análise. Serve como reflexão, sobre o que nós,
enquanto cidadãos, fazemos para pertencer, de fato, a um sistema tido como
democrático, onde a política realmente seja nossa arma para nosso próprio
crescimento e sobrevivência. Infelizmente, a Política hoje é ligada à
corrupção. As duas palavras parecem quase sinônimas na boca do povo. É difícil
discernir uma da outra. Quando a segunda aparece, em 99% dos casos está
associada à primeira. A credibilidade do assunto vai por água abaixo quando o
desinteresse popular é maior que a necessidade de mudanças. Refiro-me ao
momento das eleições, das urnas, quando xingamos os políticos que pedem votos, mas
os reelegemos. Contraditório isso, não?
Para completar a minha cada vez maior descrença com a
política e com o político, leio que o nosso “íntegro” senador (eleito pelo
povo) e ex-governador de Mato Grosso (eleito pelo povo), Jayme Campos, foi um
dos responsáveis pela queda da CPI da Copa do Mundo. A investigação
simplesmente foi pelo ralo. Um dos objetivos dessa CPI era apurar denúncias de
superfaturamento nas obras de construção dos estádios da Copa. Alguns projetos
já dobraram o proposto no orçamento inicial. A título de comparação, é similar
ao planejamento familiar: você sabe que tem contas fixas a pagar, como aluguel
ou prestação da casa, escola das crianças, IPVA, seguro do automóvel, água,
luz. E mesmo assim esquece de acrescentar itens importantes, como combustível,
compras do supermercado, vestuário e demais situações imprevisíveis ao
cotidiano. Resumindo: sabe-se que vai gastar mais, mas mascara-se a fim de
demonstrar que não há gastos exorbitantes. No caso da política, é difícil dizer
se realmente todo o dinheiro empregado, principalmente na construção de obras
para o Mundial, foi insuficiente. Talvez o fosse, mas aí há o envolvimento
político no meio... bem, minha descrença e meu sexto sentido indicam que boa
parte das verbas são desviadas para outros fins. Difícil é precisar qual é
exatamente a rota, o caminho seguido.
Fico
novamente consternado em ver que os políticos, mais uma vez, se beneficiam e se
livram de ser investigados a partir do momento que impedem o nascimento de uma
CPI, como seria o caso desta sobre a Copa de 2014. Pura blindagem dos nobres
parlamentares. Enquanto isso, outro caso na política termina em pizza. Bom
apetite.
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