Rubinho chora na primeira vitória (Alemanha, 2000) |
Minha análise hoje será do piloto Rubens Barrichelo. Na
Fórmula 1, foram 19 temporadas ininterruptas (1993 a 2011), 326 corridas
disputadas, 11 vitórias, nenhum título. Em 2012 correu pela Fórmula Indy, em
que conseguiu como melhor resultado um 4º lugar no GP de Sonoma. Agora, Rubinho
conclui a temporada disputando as últimas três provas da Stock Car Brasil.
Correu ao lado de grandes nomes do automobilismo, como
Ayrton Senna e Michael Schumacher. Dirigiu em equipes pequenas (Stewart), médias
(como Jordan, Brawn) e equipes de ponta (Ferrari e Williams). Respeitado pelo
currículo, Barrichelo traz consigo, porém, a sina de ‘chorão’; de um eterno ‘quase’;
de um ‘ingrato’, ‘mal agradecido’, eterno ‘insatisfeito’. Rótulos que o
acompanham até hoje.
Neste domingo, dia 11 de novembro de 2012, acordei e
vi estampado no site gazetaesportiva.net: “Barrichello abandona e reclama de ‘falta
de respeito’ de rivais”. Abaixo, o piloto acusa seguidos toques, batidas dos
demais concorrentes, que teria contribuído para uma queda da suspensão. Mesmo
novato na Stock Car, Rubinho largou entre os 10 primeiros. Sua saída da prova
de Brasília foi creditada a disputas em pista, mas a contínua e exaustiva ‘choramingação’
aumentam a bronca que o brasileiro tem dele.
GP Áustria 2002 - Barrichelo cede vitória a Schumacher |
Claro que existem momentos inesquecíveis de
Barrichelo. O 2º lugar no GP de Mônaco, em 1997, debaixo de chuva, em que largou
em 11º e chegou ao pódio mostrou sua habilidade em conduzir em pista molhada.
Belas ultrapassagens fizeram o torcedor nacional relembrar dos áureos tempos de
Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet.
A primeira vitória em 2000 pela Ferrari, no GP da
Alemanha, em Hockenheimring, nas mesmas condições climáticas que enfrentara
três anos antes no Principado. Rubinho emocionou o público ao redor do mundo
fazendo uma prova brilhante, utilizando-se de estratégias de prova arriscadas,
mas que deram resultado. O choro ao ouvir o Hino brasileiro mostrou a garra de
Rubinho.
No pódio, constrangimento e revolta do público |
Na equipe italiana foram nove vitórias, dois
vice-campeonatos (2002 e 2004), e a frustração de ser o segundo piloto (o
primeiro era Michael Schumacher...). No GP da Áustria de 2001, Rubinho já havia
cedido o 2º lugar para o alemão. No ano seguinte, na mesma prova, a história
foi um pouco pior. Depois de liderar todos os treinos, fazer a pole-position e
liderar todas as voltas, Barrichelo recebeu a ordem de deixar Schumacher
ultrapassá-lo a poucos metros da bandeirada final. Na ocasião, a decisão causou
revolta nos torcedores presentes ao autódromo, que vaiaram. Até os pilotos
participantes da corrida fizeram questão de cumprimentá-lo por ser o vencedor
moral. O heptacampeão (que lutava para ampliar a diferença na liderança do
mundial de pilotos), constrangido, colocou seu companheiro no topo do pódio,
mas o hino executado foi o da Alemanha. Até hoje, muitos questionam se não era
o momento do brasileiro ‘peitar’ a equipe e fazer valer a sua competência,
mostrando que tinha capacidade.
Pelos
números e recordes conquistados, Barrichelo tem lugar garantido na história do esporte,
isso é inquestionável. Mesmo fora da categoria, o paulistano de 40 anos ainda é
o recordista de corridas disputadas na Fórmula 1. Por quanto tempo ainda vai
correr, nem ele mesmo sabe. Rubinho sempre foi tachado de ‘tartaruga’, reclamão
e chorão. Juntando à falta de títulos, esta deve ser a grande mágoa de sua carreira.