segunda-feira, 29 de julho de 2013

O gigante adormeceu?



Manifestantes tomaram a Esplanada; Governo se assustou
O mês de junho foi diferente para o Brasil. A mídia mostrou o que acontecia nos quatro cantos do território nacional. A sequência de manifestos vistos nas ruas chamou a atenção popular, que se sentiu no dever de fazer parte dessa massa. Porém, o ímpeto demonstrado, de repente, esfriou. Teria o gigante adormecido?
Para tentar buscar uma resposta para essa pergunta vamos voltar ao olho do furacão. Naquele mês, a Prefeitura de São Paulo anunciou o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte público urbano. A passagem passaria de R$ 3 para R$ 3,20. A população da capital paulista ficou irada com a decisão e começou a promover protestos nas ruas. De início, desorganizados, espaçados, mas com o tempo tomaram grandes proporções. A frequência, organização e, principalmente, a participação de tantos (afetados ou não pelo aumento da tarifa) nos manifestos animaram não só paulistas, mas também gaúchos, cariocas, mineiros. Em Brasília, a população invadiu a Esplanada. As cenas registradas assustaram os poderes. Até onde iria essa onda? As médias e pequenas cidades também se reuniram para cobras as autoridades. Sinop, por exemplo, registrou no dia 21 de junho mais de seis mil pessoas as ruas para, além de apoiar os manifestos nacionais, cobrar mudanças dos gestores locais e melhorias nas áreas defasadas. As reivindicações passaram a ser de caráter local.
Antes disso, no dia 15 de junho, data da abertura oficial da Copa das Confederações, na capital federal, a presidente Dilma Rousseff e até o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foram vaiados durante os pronunciamentos antes do jogo entre Brasil e Japão. Blatter, que ficaria no país por mais alguns dias, foi embora “assustado com o que estava vendo”. A cena foi mostrada para mais de 180 países. As câmeras do mundo todo, voltadas para o torneio, registravam também os movimentos populares.
Porém, logo após a Seleção vencer a final contra a Espanha por 3 a 0, e a maioria das câmeras estrangeiras partir daqui, a onda diminuiu. As imagens do país em protesto, que iam para o exterior, pararam de ser exibidas, e as manifestações cessaram. Algumas poucas conquistas puderam ser notadas, mas o movimento esfriou. Naquele momento, criou-se a impressão de que os brasileiros havia, finalmente, despertado para o que acontece à sua volta – a tudo aquilo que lhe afeta direta e indiretamente. Como muito foi dito e clamado, o “gigante despertou”. Entretanto, a situação voltou ao normal.
Se a onda de manifestos cessou (ou ao menos reduziu, ocorrendo em algumas regiões do país, como o Rio de Janeiro, que recebe até domingo a Jornada Mundial da Juventude, que conta com a participação do papa Francisco), será que podemos considerar que tudo o que foi visto e vivido serviu para alguma coisa? A revolta serviu para “ativar o sensor” contra a corrupção, despertar o interesse econômico e social do país? O gigante adormeceu? Esperamos que não.

Um comentário: