quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mais uma CPI foi para o ralo


Manifestantes invadiram Câmara dos Deputados
Desde criança acompanhei telejornais. Ouvia as notícias da minha cidade, do país e do mundo. Os jornais impressos folheava à procura do caderno de Esportes. Mas nunca deixei de ler os demais conteúdos. Porém, mesmo para uma criança de oito, nove anos, a repulsa pela editoria de Política sempre foi grande. Até o caderno de Economia, com os jargões utilizados pelos jornalistas e economistas para explicar a alta do dólar, a inflação, a influência da reeleição do presidente Bill Clinton nos Estados Unidos.

Para uma criança, que ainda nem imaginava entrar no fantástico círculo do Jornalismo, queria entender o que era Política, quais eram os cargos que os candidatos disputavam quando apareciam na propaganda eleitoral gratuita e que faziam de verdade. Talvez a repulsa em ler tais notícias nada tinha a ver com quem escrevia, mas sobre quem era escrito.

Uma definição para Política é “pertencente aos cidadãos”. E pertence mesmo aos cidadãos? Não responderei, sim e não são duas respostas que não cabem a essa análise. Serve como reflexão, sobre o que nós, enquanto cidadãos, fazemos para pertencer, de fato, a um sistema tido como democrático, onde a política realmente seja nossa arma para nosso próprio crescimento e sobrevivência. Infelizmente, a Política hoje é ligada à corrupção. As duas palavras parecem quase sinônimas na boca do povo. É difícil discernir uma da outra. Quando a segunda aparece, em 99% dos casos está associada à primeira. A credibilidade do assunto vai por água abaixo quando o desinteresse popular é maior que a necessidade de mudanças. Refiro-me ao momento das eleições, das urnas, quando xingamos os políticos que pedem votos, mas os reelegemos. Contraditório isso, não?

Para completar a minha cada vez maior descrença com a política e com o político, leio que o nosso “íntegro” senador (eleito pelo povo) e ex-governador de Mato Grosso (eleito pelo povo), Jayme Campos, foi um dos responsáveis pela queda da CPI da Copa do Mundo. A investigação simplesmente foi pelo ralo. Um dos objetivos dessa CPI era apurar denúncias de superfaturamento nas obras de construção dos estádios da Copa. Alguns projetos já dobraram o proposto no orçamento inicial. A título de comparação, é similar ao planejamento familiar: você sabe que tem contas fixas a pagar, como aluguel ou prestação da casa, escola das crianças, IPVA, seguro do automóvel, água, luz. E mesmo assim esquece de acrescentar itens importantes, como combustível, compras do supermercado, vestuário e demais situações imprevisíveis ao cotidiano. Resumindo: sabe-se que vai gastar mais, mas mascara-se a fim de demonstrar que não há gastos exorbitantes. No caso da política, é difícil dizer se realmente todo o dinheiro empregado, principalmente na construção de obras para o Mundial, foi insuficiente. Talvez o fosse, mas aí há o envolvimento político no meio... bem, minha descrença e meu sexto sentido indicam que boa parte das verbas são desviadas para outros fins. Difícil é precisar qual é exatamente a rota, o caminho seguido.

Fico novamente consternado em ver que os políticos, mais uma vez, se beneficiam e se livram de ser investigados a partir do momento que impedem o nascimento de uma CPI, como seria o caso desta sobre a Copa de 2014. Pura blindagem dos nobres parlamentares. Enquanto isso, outro caso na política termina em pizza. Bom apetite.